Nomad: Animação Sci-fi Reinventa Cidades em Harmonia com a Natureza

Projeto premiado propõe futuro sustentável inspirado na Amazônia e na biomimética

Em um cenário onde a expansão urbana ameaça ecossistemas vitais, como a floresta amazônica, a animação “Nomad” surge como um convite à reflexão sobre o futuro das cidades e sua relação com a natureza. Criada em 2023 por Yetong Xin e Muwen Li, a obra foi motivada por dados alarmantes: até 2024, a cobertura florestal no leste da Amazônia havia diminuído 31%. Essa realidade inspirou a dupla a imaginar uma cidade capaz de se mover, transportando tribos amazônicas para novas áreas habitáveis, promovendo um equilíbrio dinâmico entre recursos naturais e ocupação humana.

O diferencial de “Nomad” está em sua abordagem estética e conceitual. Ao contrário das representações tradicionais de cidades futuristas, frequentemente associadas ao metal e à frieza das máquinas, a animação adota uma linguagem biomimética. As estruturas mecânicas são revestidas por materiais naturais, transmitindo vitalidade e proximidade com o ambiente. Essa escolha não apenas rompe com o imaginário do maquinário impessoal, mas também reforça a mensagem de que tecnologia e natureza podem coexistir em harmonia.

O processo de realização do projeto envolveu múltiplas etapas e ferramentas de ponta. Os primeiros esboços e storyboards foram desenvolvidos no Photoshop, seguidos pela modelagem em Blender. A construção de cenas, animação e renderização ocorreram no Cinema4D, enquanto a composição final foi feita no After Effects. Para garantir movimentos realistas aos personagens, foi empregada tecnologia de captura de movimento, elevando o nível de imersão da experiência audiovisual.

Exibida em festivais internacionais como o Brooklyn Film Festival e o D ARCH Film Festival, “Nomad” foi concebida para projeções em tela grande e ambientes escuros, onde o público pode se envolver plenamente com a estética sonora e visual. A trilha sonora, assinada por Yicheng Zhu e Zuochu Liu, e o design de som de JoNine Liu, contribuem para uma atmosfera sensorial única, potencializando a mensagem do filme.

A pesquisa por trás do projeto foi conduzida no MIT Media Lab, em colaboração com o City Science Group, e envolveu estudos sobre as crenças e práticas das tribos amazônicas, como o xamanismo e os totens. Essa imersão cultural fundamentou a criação de um universo ficcional onde o respeito à natureza é central, desafiando a tendência de futuros distópicos e hiperindustrializados presentes em muitas obras de ficção científica.

“Nomad” enfrentou o desafio de conciliar alta tecnologia com uma visão de mundo que valoriza a conservação ambiental. Por meio de discussões e experimentações, a equipe optou por um design biomimético, que reflete tanto o avanço tecnológico quanto o compromisso com a sustentabilidade. O resultado é uma obra que não apenas impressiona pela excelência técnica e artística, reconhecida com o Prêmio Silver A' Design Award em 2025, mas também inspira novas formas de pensar o urbanismo e o papel da arte na construção de futuros possíveis.

Ao propor uma cidade viva, que se adapta e respeita os ciclos naturais, “Nomad” convida espectadores, designers e urbanistas a repensarem os caminhos do desenvolvimento, sugerindo que a verdadeira inovação reside na harmonia entre tecnologia e natureza.